Permitam-me dizer que nasci no município de Valença, à margem direita do rio Sambito, na manhã de uma sexta-feira, no dia 13 de dezembro de 1929. Primogênito do casal – Zé Pirigoso e Chiquinha. Ambos analfabetos.
Meu pai,pela condição social e minha mãe, pelo preconceito machista da sociedade de então, onde mulher era relegada a condição de domestica.
Casamento impossível de acontecer naqueles idos da década de 1920: um negro casar-se com mulher branca ou vice-versa, acima de tudo, uma moça de família tradicional.
Meu pai era filho de escravo liberto pela lei do ventre livre.
Minha mãe, embora pobre, era descendente de uma honrada e tradicional família da sociedade rural de Oeiras – os Nunes de Oeiras – mas precisamente os Barbosa Nunes e os Marques Nunes, miscigenada com os Hipólitos Ferreira da Fazenda Riachão, lá das bandas de Picos – hoje município de Monsenhor Hipólito.
Sexta-feira 13, dia acobertado de superstições.
Para os cristãos, lembra a morte de Jesus;
Na cultura dos hebreus, significa renascimento e liberdade;
Para a sociedade contemporânea, um dia de azar.
Nasci no berço da pobreza, marcado por contradições das crendices populares e dos preconceitos sociais que marcou e ainda marca a sociedade brasileira.
Conspiração do destino, embora cobrando sacrifícios, ignorou todas as previsões agourentas e os preconceitos sociais. Deu a mim outro rumo.
Apesar de ser filho de agricultor sem terra renasci do limbo da pobreza e me tornei gente.
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A História que a própria Vida escreveu
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